Estrelas além do tempo: CineMat discute igualdade de gênero na Matemática
Com o objetivo de integrar os alunos e propor diferentes vivências e experiências acadêmicas, o Programa de Formação Docente Caminhos do Sertão, lançou o Cineclube Caminhos. Neste primeiro momento, o intitulado “CineMat”, é um projeto piloto que apresentou aos acadêmicos das quatro Unidades Avançadas o primeiro filme, Estrelas além do tempo, de 2017, dirigido por Theodore Melfi.
As exibições aconteceram nas quatro Unidades Avançadas no dia 10 de março (sexta-feira), e contou também como carga horária de 05 horas para AACCs (Atividades Acadêmicas Curriculares Complementares). Ao todo, 250 estudantes dos cinco cursos participaram da atividade.
Segundo a coordenadora do curso de Matemática, professora Giovana Alves, a ideia deste projeto surgiu durante a avaliação das turmas do programa Caminhos do Sertão no semestre de 2022.2, em que as coordenadoras de curso, juntamente com coordenação pedagógica, discutiram os pontos positivos e negativos de cada turma.
A professora explicou que, no curso de Matemática, foi constatado que embora as alunas obtenham boas notas, elas ainda eram minoria e não participam tanto das aulas quanto os alunos, corroborando com a realidade mundial dos cursos nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, do inglês Science, Technology Engineering and Mathematics).
Os números trazem uma ideia desta situação, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres representam, nas universidades, apenas 35% dos estudantes matriculados em STEM. “A partir disso, nos perguntamos: os espaços de produção e divulgação de conhecimento matemático são abertos para a diversidade em vias de equidade de gênero? Afim de melhorar esta realidade, chegamos na temática de diminuir a desigualdade entre os gêneros e oportunizar a discussão e o debate a respeito do tema”, contou a professora.
Seguindo a programação, na última quarta-feira (15), os acadêmicos que assistiram ao filme participaram de um debate online com professoras convidadas das áreas de exatas: Carina Brunehilde Pinto da Silva – Universidade Estadual Vale do Acaraú; Amanda Angélica Feltrin Nunes – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira; Gisele Bosso de Freitas – Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL) e a mediação da professora Giovana Alves, também da UEMASUL.
Na ocasião, a professora Carina Brunehilde contou que na época em que fez a sua licenciatura em Matemática, não havia representatividade feminina: “em 2006 na Universidade Federal do Ceará (UFC), não havia nenhuma professora no curso, eu me lembro de passar pelo andar dos gabinetes, olhar as plaquinhas nas portas das salas e só ver nomes de homens. Então, você não tinha nenhuma referência feminina. Quando fui ao mestrado aconteceu a mesma coisa, com o agravante de eu ser a única mulher da minha turma, então esse é um caminho muito solitário”, lembrou.
A acadêmica do curso de Matemática da Unidade Avançada de Itinga do Maranhão, Luene Mara, comentou que o filme ” Estrelas além do tempo” a fez pensar sobre sonhos e objetivos. “Aprendemos que, mesmo em um cenário onde dizem que não nos cabe, podemos sim nos destacar. O bate-papo ente Carine, Amanda, Gisele e Giovana mais uma vez mostrou que vamos ter muitos desafios pela frente e vamos escutar muitas coisas negativas, principalmente pelo curso escolhido, porém, com os seus relatos e experiências podemos ter a certeza de que se formos atrás dos nossos sonhos e perseverarmos vamos alcançar nossos objetivos. Pelo fato de sermos mulheres tudo se torna duas vezes mais difícil, pois infelizmente, temos que provar nosso valor constantemente”, refletiu.
Durante a live, foram discutidos temas voltados às vivências das professoras convidadas, como as referências femininas no processo de ensino-aprendizado, os desafios em ser mulher e fazer um curso de exatas, preconceitos e assédios presenciados, entre outros.