Acadêmicos de Letras exploram a diversidade semântico-lexical da região e promovem curso de Língua Portuguesa

Uma pesquisa de campo realizada em Amarante do Maranhão revelou a riqueza e a diversidade das variações semântico-lexicais presentes nas diferentes comunidades da cidade. A iniciativa, conduzida por acadêmicos do 5º período do curso de Letras sob a orientação da professora Márcia Lima, teve como objetivo identificar as diferentes formas de uso das palavras, seus significados e as variações linguísticas presentes em diversos contextos socioeconômicos, culturais, faixas etárias e níveis de escolaridade.

Para preparar os alunos para a pesquisa de campo, foi oferecido um curso de Língua Portuguesa na plataforma Aprenda Mais, do Governo Federal. O curso forneceu o embasamento teórico necessário para a análise linguística e aprimorou os conhecimentos dos acadêmicos sobre Semântica e suas implicações na língua.

A pesquisa foi realizada durante o mês de novembro, com entrevistas conduzidas entre os dias 11 e 18. Os acadêmicos, divididos em equipes, investigaram diferentes campos semânticos, como acidentes geográficos, atividades agropastoris, corpo humano, ciclos da vida, convívio e comportamento social, religião e crenças, espaços e habitação, alimentação e cozinha, vestuário e acessórios, e vida urbana.

Cada equipe entrevistou quatro informantes, seguindo critérios de gênero, escolaridade e faixa etária. A pesquisa abrangeu diversas comunidades de Amarante, incluindo áreas rurais, urbanas e uma comunidade indígena, proporcionando uma visão abrangente da realidade local.

Nos dias 23 e 24 de novembro, os acadêmicos apresentaram os resultados da pesquisa em forma de seminário. As apresentações proporcionaram um espaço para interação e troca de experiências entre os diferentes grupos, enriquecendo o debate e a compreensão das variações semântico-lexicais nas distintas comunidades de Amarante.

A pesquisa, que surgiu como uma ação pedagógica da disciplina de Semântica da Língua Portuguesa, teve um impacto significativo na formação dos acadêmicos e na comunidade local.

“Propor esta pesquisa para os discentes do curso de Letras foi um desafio recompensador. Ao longo do processo, os acadêmicos não apenas aprimoraram suas habilidades técnicas em pesquisa, mas também realizaram um trabalho pioneiro ao mapear as variações dialetais de Amarante do Maranhão. Essa pesquisa preenche uma lacuna importante no conhecimento sobre a diversidade linguística da cidade, contribuindo para a valorização e preservação do patrimônio cultural local”, destacou a professora Márcia Lima.

A pesquisa também teve um impacto positivo na comunidade indígena Tenetehara-Guajajara, como relatou Milena Guajajara: “A nossa linguagem materna tem as suas variações lexicais, hoje nós ainda utilizamos a linguagem dos nossos ancestrais (…) através dela que as crianças, jovens e as futuras gerações vão perceber que a nossa língua materna é importante, e também os karaiw (os brancos) e os karaiw pihum (os negros) querem conhecer a nossa linguagem e como eles tem as suas variações nós temos também, e esse pesquisa de campo é importante para os acadêmicos e pesquisadores e também para os futuros gerações indígenas da etnia Tenetehara-Guajajara, porque através da língua que sobrevivemos e sem ela não somos nada diante da sociedade”.

Os dados coletados na pesquisa poderão ser utilizados em futuras publicações, contribuindo para o avanço do conhecimento na área da Linguística e valorizando a diversidade linguística de Amarante do Maranhão.

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